domingo, 18 de abril de 2010

Stoned.



... e de repente vejo um unicórnio correr. Um unicórnio de metal. Parecia leve e inoxidável, mas tinha um caminhar esmagador.
Voltei me e avistei alguma coisa que me era desconhecida. Parecia-me um frasco enorme.
Dentro viam-se pequenos pontos luminosos e com variadas cores.
Era bonito, mas desapareceu. Acho que o som do silêncio o assustou.
Era um silêncio desafinado.
Senti um sopro na cara, era o unicórnio. Desta vez sobrevoava-me. Não era maior que um sabonete e zumbia como uma flauta. Pousou numa pedra, consegui observar cada pormenor dele. Era incrivelmente brilhante, lembrou-me uma pequena bola de espelhos.
Um coelho apróximou-se, era elegante e simpático.
Mas eu estava demasiado cansado para cortesias e ignorei-o.
Descansei-me no chão por momentos, fechei os olhos.
Acordei logo depois, olhei em redor e vi água. Muita água.
Senti-me afundar. Percebi que a pequena ilha onde me havia descansado se afundava.
Não senti medo.
Estranhamente sentia-me tranquilo.
Vi seringas à minha volta. Haviam também pedras e alguns estupefacientes em bruto.
Sorri para mim mesmo. Orgulhosamente envergonhado lambi o sangue que tinha no braço. Quis levantar-me e sair dali. Mas as minhas pernas não colaboraram.
Sentia-me descoordenado, sentia-me incapaz.
Foi delicioso.
Vi-me insensível naquele instante.
O silêncio continuava elevado. Alucinei sons e sensações.
Senti sal na minha boca e urtigas nas minhas mãos.
Foi novo.
Estava ali imóvel com o Jack Skellington a olhar-me.
Apesar do silêncio insurdecedor consegui ouvir o meu telefone tocar. 
Olhei à direita e vi que estava em casa, sentado ao computador e a escrever isto. 

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